Artigo: A riqueza Maior
Para o filósofo estoico Sêneca, "o caminho mais rápido para a riqueza é desprezá-la". Apesar da estranheza inicial, há muitas verdades no conselho. De não ficar preso à riqueza material para que a avareza não floresça entre as sombras pessoais. Ou então, deixar de aproveitar a vida em seus pequenos momentos que requerem a consciência ativa e plena.
Estão nos tempos pessoais os momentos inesquecíveis que o dinheiro não compra e que ficam eternizados em nossa memória. Além disso, o indivíduo não pode ter tudo, mas é preciso agradecer por aquilo que tem e viver em um padrão abaixo dos ganhos.
Ainda para Sêneca: "é verdadeiramente feliz e dono de si o que espera o amanhã sem preocupações". A riqueza para ele era então a paz e a tranquilidade de consciência e espírito que permitia viver focado naquilo que importa. Os tesouros maiores não eram aqueles guardados em baús de madeira, tampouco depositados em bancos. Para todo amante do conhecimento, estava na busca do saber e do amar corretamente as maiores contribuições para os tesouros íntimos.
Com conhecimento e relacionamentos favoráveis é possível existir sem o medo de perecer sem sentido, tampouco de naufragar nos mares das ilusões materiais. Serve-se então da moral como bússola e timão para as decisões complicadas e a caridade como os remos que nos fortalecem em nossas lutas do dia a dia. Mais do que o prazer fácil ou a vida material que paralisa os esforços, o dever do progresso e da expansão das luzes internas para que possamos retribuir ao universo todo o bem recebido.
Paulo Hayashi Jr. - Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.
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